O tema “avaliação” vem sendo muito
questionado no contexto da educação inclusiva no nosso município. Tem-se
observado que a avaliação ainda está muito ligada ao ensino tradicional e a sua
forma de avaliar. Porém na educação inclusiva não é possível restringir o saber
do aluno a forma avaliativa do professor, se faz necessário repensar as
relações de poder e aprendizagem em sala de aula bem como a forma de avaliar.
Analisando essa situação foram estudados
documentos e elaborada essas orientações, que visam esclarecer melhor os
instrumentos que devem ser utilizados no processo de ensino-aprendizagem.
Nesse processo é importante observar o aluno
em diversos contextos, em todas as disciplinas e com todos os professores
envolvidos na sua formação educacional. A avaliação da aprendizagem implica em
estudar a melhor maneira de avaliar a aprendizagem do aluno, pelo professor do
regular de forma conjunta com o professor do AEE, chegando há um consenso a
cerca do tipo de avaliação que melhor vai identificar seus avanços.
Para ajudar nesse planejamento é necessário
que se reflita sobre três perguntas a respeito do aluno com necessidade
especifica:
·
O que se espera que
ele aprenda, ou seja, quais objetivos estão previstos no seu processo de
escolarização?
·
O que lhe está sendo
ensinado e para que, portanto, quais conteúdos estão compondo o planejamento do
professor?
·
Como está se
realizando seu ensino, ou seja, que metodologia e quais procedimentos são
administrados e que materiais e equipamentos estão à disposição?
Para que o professor tenha domínio do que
avaliar se faz necessário que realize uma avaliação diagnostica dentro da
perspectiva de Vygotsky e suas zonas de desenvolvimento. Uma vez que tenha o
parâmetro do que avaliar é só dar prosseguimento ao seu planejamento.
Realizar a avaliação diagnostica;
Zonas
de desenvolvimento de Vygotsky
Zona real
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Zona potencial
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Zona proximal
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É o que a criança consegue realizar com independência
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É o que a criança consegue realizar com a ajuda de um mediador
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São os conhecimentos em potencial que a criança poderá vir a aprender
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Traçar
objetivos de acordo com a necessidade específica do aluno;
Adaptação dos procedimentos de avaliação;
Indicar
que tipo de adaptação será feita:
•
tipo de prova;
•
instrumentos de avaliação e/ou de certificação;
•
formas e meios de comunicação;
•
periodicidade, local e duração da avaliação;
· Indicar as tecnologias de apoio a utilizar pelo aluno
para melhorar o seu
desempenho.
Alguns exemplos desses ajustes podemos encontrar na cartilha Projeto Escola Viva - Garantindo o
acesso e permanência de todos os alunos na escola - Alunos com necessidades
educacionais especiais:
·
utilizar diferentes
procedimentos de avaliação, adaptando-os aos diferentes estilos e
possibilidades de expressão dos alunos;
·
possibilitar que o
aluno com severo comprometimento dos movimentos de braços e mãos se utilize do
livro de signos para se comunicar, em vez de exigir dele que escreva com lápis,
ou caneta, em papel;
·
possibilitar que o
aluno cego realize suas avaliações na escrita braile, lendo-as então,
oralmente, ao professor;
·
nas provas escritas
do aluno surdo, levar em consideração o momento do percurso em que ele se
encontra, no processo de aquisição de uma 2ª língua, no caso, a língua
portuguesa. Nas etapas iniciais de sua aprendizagem, ela provavelmente estará
muito mais marcada pelas características da língua de sinais, enquanto que nas
etapas finais, estará mais próxima do português, ainda que com peculiaridades.
O professor, em sua avaliação, deve observar se a
mensagem tem coerência lógica, apresentando um enredo com princípio, meio e
fim, em vez de se a ter unicamente à seqüência estrutural das orações.
O professor poderá observar uma estrutura de frase menos
complexa, um menor número de verbos por enunciado, um menor número de orações e
de encadeamento de frases, menos adjetivos, advérbios e pronomes, com uma maior
incidência de palavras significativas.
Poderá ainda observar um vocabulário mais restrito, tanto
no que se refere ao número de palavras diferentes, como ao número total de
palavras utilizadas. Soma-se a isso uma limitação na complexidade de relações
semânticas apresentadas (objeto, sua localização, a quem pertence, etc.), sendo
mais freqüente o uso de substantivos significativos e de verbos no presente.
Essas características serão mais acentuadas em alunos que se encontram nas
fases mais iniciais da aprendizagem do português. Sua identificação,
entretanto, deve servir de sinalizador para novos ajustes no planejamento do
ensino para esse aluno.
Outra fonte de pesquisa é o livro de Atendimento
Educacional Especializado – Aspectos Legais e Orientações Pedagógicas, que diz:
“Vários são os instrumentos que podem ser utilizados para
avaliar, de modo dinâmico, os caminhos da aprendizagem, como: os registros e
anotações diárias do professor, os chamados *portfólios e demais
arquivos de atividades dos alunos e os diários de classe, em que vão
colecionando dados, impressões significativas sobre o cotidiano do ensino e da aprendizagem.
As provas também constituem opções de avaliação desejáveis, desde que haja o objetivo
de analisar, junto aos alunos e os seus pais, os sucessos e as dificuldades
escolares.”
*Portfólio – esse tipo de avaliação foge aos padrões
convencionais de avaliação e nos permite registrar momentos de interação entre
o professor-aluno e entre aluno-professor, registrando idéias, duvidas e
criticas, arquivando trabalhos e fotos que serão usados para avaliar a evolução
do aluno.
Por Cristiane Barbosa
Referencias:
BRASIL. Ministério da
Educação. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica.
Brasília: MEC, 2001.
_________. Política
nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva.
Brasília:
MEC, 2008
_________. Nota
técnica 06/2011 Brasília:
MEC, 2008.
_________
. Educação Especial - Manual de Apoio à Prática. Brasília: MEC, 2008
Referencial sobre
avaliação da aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais /
Secretaria Municipal de Educação – São Paulo: SME / DOT, 2007.
Projeto Escola Viva -
Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola - Alunos com
necessidades educacionais especiais, Brasília: Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Especial, C327 2000
Fávero, Eugênia
Augusta Gonzaga, Luísa de Marillac P. Pantoja, Maria Teresa Eglér Mantoan. Aspectos legais e orientação pedagógica / São
Paulo : MEC/SEESP 2007. 60p. (Atendimento educacional especializado)
ANEXO
Nota Técnica 06/2011- MEC/SEESP/GAB
Data: 11 de março de 2011
Assunto: Avaliação de estudante com deficiência
intelectual
A educação é um direito garantido a todas as
pessoas, com ou sem deficiência, ao longo de toda a vida. No Brasil é
indisponível e obrigatório para crianças, adolescentes e jovens dentro da faixa
etária de 04 a 17 anos. Assim, toda escola tem o dever de matricular crianças
dentro dessa faixa etária.
Os atuais marcos legais nacionais que sustentam e
apoiam a perspectiva inclusiva da educação especial são:
- A
Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência, ratificada pelo
Brasil por meio do Decreto 186/2008 e Decreto 6.949/2009;
- Política
Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. MEC
2008;
- O
Decreto 6.571/2008, que define o atendimento educacional especializado e
sua forma de financiamento pelo Fundeb;
- A
Resolução CNE/CEB nº 4/2009, que institui as diretrizes operacionais do
AEE na educação básica.
Com base na Política Nacional de Educação Especial
na perspectiva da Educação Inclusiva (MEC 2008), os estudantes com deficiência
devem estar matriculados nas classes comuns do ensino regular. Além disso,
esses estudantes têm direito ao Atendimento Educacional Especializado – AEE,
ofertado de forma complementar a escolarização, de acordo com o Decreto
6571/2008, que disponibiliza recursos e serviços e orienta quanto a sua
utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino
regular.
A avaliação é parte integrante e inseparável do
processo de ensino e aprendizagem. Desta forma, o projeto político pedagógico
de uma escola inclusiva deve conceber a avaliação como um processo contínuo,
por meio do qual, as estratégias pedagógicas são definidas, reorientadas ou
aprimoradas, de acordo com as especificidades educacionais dos estudantes. O
processo de avaliação deve ser, assim, diversificado, objetivando o aprendizado
e não a classificação, retenção ou promoção dos estudantes. Cabe à escola
propor estratégias que favoreçam a construção coletiva do conhecimento por
todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.
Com base em documentos do Ministério da Educação
(Pró-letramento, 2007), “nos três primeiros anos do ensino fundamental (turmas
de 6, 7 e 8 anos), a avaliação representa fonte de informação para formulação e
revisão das práticas pedagógicas, a partir da compreensão dos desempenhos e
aprendizagens dos estudantes, seus progressos e necessidades de intervenção”.
Neste mesmo documento, está descrita a concepção de avaliação reguladora e
orientadora do processo de aprendizagem, na qual duas funções estão postas como
inseparáveis: o diagnóstico, cujo objetivo é conhecer cada aluno e o perfil da
turma e o monitoramento, cujo objetivo é acompanhar e intervir na aprendizagem,
para reorientar o ensino visando o sucesso dos estudantes; alterar
planejamento, propor outras ações e estratégias de ensino. Quanto aos
instrumentos das práticas avaliativas, são várias as possibilidades enumeradas:
observação e registro (fotos, gravações em áudio e em vídeos, fichas
descritivas, relatórios individuais, caderno ou diário de campo); provas
operatórias (individuais e em grupos); auto-avaliação; portfólio, dentre
outros.
Ainda de acordo com publicações do Ministério da
Educação relativas especificamente à educação especial na perspectiva da
educação inclusiva (MEC, Coleção “A Educação Especial na Perspectiva da
Inclusão Escolar”, Fascículo II, 2010), ao professor do Atendimento Educacional
Especializado cabe a identificação das especificidades educacionais de cada
estudante de forma articulada com a sala de aula comum. Por meio de avaliação
pedagógica processual esse profissional deverá definir, avaliar e organizar as
estratégias pedagógicas que contribuam com o desenvolvimento educacional do
estudante, que se dará junto com os demais na sala de aula. É, portanto,
importantíssima a interlocução entre os dois professores: do AEE e da sala de
aula comum.
Ressalta-se que o estudante com deficiência
intelectual tem direito ao atendimento educacional especializado o qual não se
confunde com atividades de reforço escolar. Estas, quando parte do Projeto
Político Pedagógico da escola, como qualquer outra atividade extracurricular,
devem ser oferecidas a todos os estudantes que delas se beneficiem, sem
prejuízo das atividades em sala de aula comum e do atendimento educacional
especializado, caso o estudante seja público alvo da educação especial.
Recomenda-se, pois, à família, compartilhar do
processo de escolarização da estudante, tendo em vista o acesso, participação e
sucesso em todas as atividades escolares para seu pleno desenvolvimento
pessoal, social, educacional e profissional, com autonomia e independência.