quarta-feira, 24 de abril de 2013

ORIENTAÇÕES PARA A INCLUSÃO DE ALUNOS COM TEA





1.         Definição
“Autismo é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos três anos de idade, e que se caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação/comportamento” MELLO.
2.         Incidência
“A incidência do autismo varia de acordo com o critério utilizado por cada autor. Bryson e col., em seu estudo conduzido no Canadá em 1988, chegaram a uma estimativa de 1:1000, isto é, em cada mil crianças nascidas uma teria autismo. Segundo a mesma fonte, o autismo seria duas vezes e meia mais frequente em pessoas do sexo masculino do que em pessoas do sexo feminino.” MELLO
“Os dados epidemiológicos indicam que a prevalência dos TGD (transtorno Global do Desenvolvimento) atualmente chegam a 1% da população, chegando a uma média de 1 para 70 em meninos de 8 anos. Em comparação à estimativa original (4 para 10.000) feita há quatro décadas atrás, as taxas são bem maiores do que se imaginava... No Brasil ainda são muito escassos esses dados.” REVISTA AUTISMO
3.         Causas
As causas do autismo são desconhecidas. Acredita-se que a origem do autismo esteja em anormalidades em alguma parte do cérebro ainda não definida de forma conclusiva e, provavelmente, de origem genética.

4.         Critérios para diagnostico -
Com início antes dos 3 anos de idade:
Déficit qualitativo da interação social:
            Déficit acentuado na comunicação e interação não verbais
            Incapacidade de estabelecer relações adequadas com os companheiros
            Ausência de tendência para partilhar interesses e prazeres
            Falta de reciprocidade social ou emocional
Déficit qualitativos na comunicação:
            Atraso ou ausência de linguagem oral
            Incapacidade de iniciar ou manter diálogo
            Linguagem estereotipada ou repetitiva
            Ausência de jogo espontâneo ou social imitativo
Padrões de comportamentos, interesses e atividades restritos, repetitivos e estereotipados:
            Preocupação absorvente c/ padrões estereotipados anormais
            Adesão inflexível rotinas ou rituais não funcionais
            Maneirismos motores e estereotipias
            Preocupação persistente com partes de objetos
5.         Primeira escola, primeiro dia de aula
5.1      Entrevista
          IDENTIFICAÇÃO
          HABITOS COTIDIANOS (alimentação, sono, estereotipias)
          ANTECEDENTES PATOLOGICOS
          OBS ORGANICA E NEUROLOGICA (apresenta dores ou febres, faz uso de medicação, convulsão? Faz algum tipo de acompanhamento?)
          ASPECTOS AFETIVOS (como é a relação: sociedade, família e escola)
          ASPECTOS FAMILIARES (os pais trabalham? em que? Renda, moradia, parentes)
.         TENDENCIAS ESCOLARES
5.2      Estabelecer prioridades – Comunicação
A comunicação é fundamental em qualquer situação, daí ser importante que você conheça seu aluno a ponto de se comunicar livremente com ele. Entender o que ele deseja e se fazer entender.
“É comum a criança aprender primeiro a fazer pedido. Ela verbaliza o que quer e é recompensada, recebendo o que pediu. Depois vem a fase de ecoar: ela repete o que é falado. Mas, futuramente, a criança precisará também aprender a nomear o que vê; falar sobre suas características, suas funções ( para que serve) e responder a perguntas.”  SILVA
5.3      Como agir em meio as estereotipias
As estereotipias devem ser interrompidas sempre que possível, direcionando o aluno para outro foco.
“No autismo, elas não estão relacionadas ao raciocínio e conhecimento, mas sim em repostas a diversos estímulos” CUNHA
5.4     Medidas adaptativas
AVALIAR - É necessário que a criança frequente a escola no mínimo por duas semanas seguidas sem faltas ou intervalos, em período integral (manhã ou tarde), para que o educando seja avaliado in loco.
Garantindo dessa forma, através de relatório, registros consistentes para definir: tempo e frequência na escola. Gerando uma inclusão escolar responsável e gradativa, se for necessário.
PROFESSOR AUXILIAR - Outro fator é avaliar se o aluno necessita ou não de professor auxiliar. Ressaltando que só serão atendidos por auxiliares, alunos que apresentem necessidades específicas, para apoio físico ou didático.
Os motivos que fazem um aluno ter o acompanhamento de um auxiliar é quando este aluno apresenta “cuidados”, quanto a sua integridade física (se machuca ou poderia machucar seu par) e necessita de apoio pedagógico específico em sala de aula para poder acompanhar a turma.
6. Sala de aula
6.1 Metodologias para a inclusão
 O autista é muito visual, sendo indispensável esse recurso, uma vez que, umas das trilogias do autismo é a imaginação. Portanto confeccionar materiais pedagógicos que possam auxiliar/ facilitar / adequar as atividades em sala de aula e na efetivação do Plano de Curso da série em que o aluno esteja inserido. As aulas devem ser recheadas de gravuras que facilitem a memorização e façam uma ligação com o conteúdo aplicado.
Que o professor possa ter sensibilidade e ser reflexivo em atividades que o aluno vá ter que se expor, pois atividades em grupos e trabalhos para apresentação podem causar mal estar no aluno e consequentemente podem ocorrer crises ou distanciamento/ isolamento.
“É importante que o professor verifique ...  se o aluno esta acompanhando o assunto da aula.” MELLO
7.         Socialização
A mediação é a chave do sucesso. Muitas interações sociais podem vir a ser espontâneas se primeiro forem orientadas/ acompanhadas por um mediador.
O professor deverá intermediar as relações sociais e afetivas entre os alunos a fim de eliminar as barreiras de comunicação e socialização do aluno em sala de aula e na escola. O aluno com autismo tem sérias dificuldades nas relações pessoais, para que isto não seja um empecilho, o professor poderá ser seu interlocutor em alguns momentos e seu ajudante em outros, por exemplo, alguns autistas não falam. Certamente não pedirão emprestado o material do colega, mas através de seu professor poderá aprender maneiras sociais amigáveis de fazer isto.
Exemplificando a cena ele poderá se aproximar do amiguinho e estender uma mão em sinal de pedido e com a outra apontar o que deseja, sendo atendido poderá balançar a cabeça ou dar tchau para o amigo em sinal de obrigado.
8.         Currículo
O programa que essa criança deve seguir é exatamente o mesmo de uma criança normal, com três ressalvas:
          A criança com autismo necessita que lhe sejam ensinadas coisas que a criança normal aprende sozinha.(ex. educação física)
          O perfil de desenvolvimento é irregular.
          Essa criança também pode apresentar problemas de comportamento.
          Esse aluno pode aprender tanto em uma sala de aula especial como em uma sala de aula regular.
          A comunicação verbal é um dos problemas desse aluno e, portanto, o ensino não pode ser baseado apenas em explicações por meio da linguagem verbal.
          A comunicação professor-aluno deve estabelecer-se de forma que o professor se dirija ao aluno com poucas palavras, claras e concretas.
          O professor pode se impressionar com a capacidade de aprender desse aluno quando a forma de ensino adotada for a adequada para o aluno.

9.         Métodos
9.1      TEACCH- Significa “Tratamento e Educação de Autistas e Relacionados Comunicação Criança Deficiente”
O que não é o TEACCH?
Não é um método.
Não é de atuação clínica (individual).
Não é atendimento semanal.
Não pode ser organizado por um profissional.
Não deve ser empregado como única ferramenta.

O que é o TEACCH?
É um Programa baseado na teoria Comportamental e na Psicolinguistica
É um programa de atuação escolar, com cunho psicoeducativo.
É de frequência diária, com carga horária mínima de 20h semanais.
É essencialmente transdisciplinar.
É necessário suporte educativo e conhecimento sobre desenvolvimento cognitivo.

9.2   PECS - Significa “sistema de comunicação através da troca de figuras”.
            O PECS foi desenvolvido para ajudar crianças e adultos com autismo e com outros distúrbios de desenvolvimento a adquirir habilidades de comunicação.
            O sistema é utilizado primeiramente com indivíduos que não se comunicam ou que possuem comunicação mas a utilizam com baixa eficiência.
9.3   ABA – Significa “análise aplicada do comportamento”
O tratamento comportamental analítico do autismo visa ensinar à criança habilidades que ela não possui, através da introdução destas habilidades por etapas.

10.      Referencias
Adaptações Curriculares - CRADD Março 2012 – Curso Universo Autismo 2012
BRASIL. Lei no 9.394, de 23 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, 1996.
BRASIL. Parecer n.º 17, Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: Conselho Nacional de Educação, 2001.
CUNHA, Eugenio. Autismo e inclusão: psicopedagogia práticas educativas na escola e na família. 4. Ed. Rio de Janeiro:Wak Ed., 2012
MELLO, Ana Maria S, Ros de. Autismo: guia prático – 4ª Edição - São Paulo. AMA ; Brasília : CORDE, 2004
REVISTA AUTISMO, Ano I, Numero 0 – Setembro De 2010 . P. 17
Saberes e praticas da inclusão: dificuldades acentuadas de aprendizagem: autismo/ coordenação geral – Francisca Roseneide Furtado do Monte, Idê Borges dos Santos -  reimpressão. Brasília: MEC, SEESP, 2004.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES, Leandro Tadeu.  Mundo singular: entenda o autismo – Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.