1. Definição
“Autismo
é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces,
tipicamente antes dos três anos de idade, e que se caracteriza sempre por
desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da
imaginação/comportamento” MELLO.
2. Incidência
“A
incidência do autismo varia de acordo com o critério utilizado por cada autor.
Bryson e col., em seu estudo conduzido no Canadá em 1988, chegaram a uma
estimativa de 1:1000, isto é, em cada mil crianças nascidas uma teria autismo.
Segundo a mesma fonte, o autismo seria duas vezes e meia mais frequente em
pessoas do sexo masculino do que em pessoas do sexo feminino.” MELLO
“Os
dados epidemiológicos indicam que a prevalência dos TGD (transtorno Global do
Desenvolvimento) atualmente chegam a 1% da população, chegando a uma média de 1
para 70 em meninos de 8 anos. Em comparação à estimativa original (4 para
10.000) feita há quatro décadas atrás, as taxas são bem maiores do que se
imaginava... No Brasil ainda são muito escassos esses dados.” REVISTA AUTISMO
3. Causas
As
causas do autismo são desconhecidas. Acredita-se que a origem do autismo esteja
em anormalidades em alguma parte do cérebro ainda não definida de forma
conclusiva e, provavelmente, de origem genética.
4. Critérios para diagnostico -
Com
início antes dos 3 anos de idade:
Déficit qualitativo da interação social:
Déficit
acentuado na comunicação e interação não verbais
Incapacidade
de estabelecer relações adequadas com os companheiros
Ausência
de tendência para partilhar interesses e prazeres
Falta de
reciprocidade social ou emocional
Déficit qualitativos na comunicação:
Atraso ou ausência de linguagem oral
Incapacidade
de iniciar ou manter diálogo
Linguagem
estereotipada ou repetitiva
Ausência
de jogo espontâneo ou social imitativo
Padrões de comportamentos, interesses e
atividades restritos, repetitivos e estereotipados:
Preocupação
absorvente c/ padrões estereotipados anormais
Adesão
inflexível rotinas ou rituais não funcionais
Maneirismos
motores e estereotipias
Preocupação
persistente com partes de objetos
5. Primeira escola, primeiro dia de aula
5.1 Entrevista
• IDENTIFICAÇÃO
• HABITOS
COTIDIANOS (alimentação, sono, estereotipias)
• ANTECEDENTES
PATOLOGICOS
• OBS
ORGANICA E NEUROLOGICA (apresenta dores ou febres, faz uso de medicação,
convulsão? Faz algum tipo de acompanhamento?)
• ASPECTOS
AFETIVOS (como é a relação: sociedade, família e escola)
• ASPECTOS
FAMILIARES (os pais trabalham? em que? Renda, moradia, parentes)
. TENDENCIAS
ESCOLARES
5.2 Estabelecer prioridades – Comunicação
A
comunicação é fundamental em qualquer situação, daí ser importante que você
conheça seu aluno a ponto de se comunicar livremente com ele. Entender o que
ele deseja e se fazer entender.
“É
comum a criança aprender primeiro a fazer pedido. Ela verbaliza o que quer e é
recompensada, recebendo o que pediu. Depois vem a fase de ecoar: ela repete o
que é falado. Mas, futuramente, a criança precisará também aprender a nomear o
que vê; falar sobre suas características, suas funções ( para que serve) e
responder a perguntas.” SILVA
5.3 Como agir em meio as estereotipias
As estereotipias devem ser
interrompidas sempre que possível, direcionando o aluno para outro foco.
“No autismo, elas não estão
relacionadas ao raciocínio e conhecimento, mas sim em repostas a diversos
estímulos” CUNHA
5.4 Medidas adaptativas
AVALIAR - É necessário que a criança
frequente a escola no mínimo por duas semanas seguidas sem faltas ou
intervalos, em período integral (manhã ou tarde), para que o educando seja
avaliado in loco.
Garantindo
dessa forma, através de relatório, registros consistentes para definir: tempo e
frequência na escola. Gerando uma inclusão escolar responsável e gradativa, se
for necessário.
PROFESSOR AUXILIAR - Outro fator é
avaliar se o aluno necessita ou não de professor auxiliar. Ressaltando que só
serão atendidos por auxiliares, alunos que apresentem necessidades específicas,
para apoio físico ou didático.
Os
motivos que fazem um aluno ter o acompanhamento de um auxiliar é quando este
aluno apresenta “cuidados”, quanto a sua integridade física (se machuca ou poderia machucar seu par) e
necessita de apoio pedagógico
específico em sala de aula para poder acompanhar a turma.
6. Sala
de aula
6.1 Metodologias para a inclusão
O autista é muito visual, sendo indispensável
esse recurso, uma vez que, umas das trilogias do autismo é a imaginação.
Portanto confeccionar materiais pedagógicos que possam auxiliar/ facilitar /
adequar as atividades em sala de aula e na efetivação do Plano de Curso da
série em que o aluno esteja inserido. As aulas devem ser recheadas de gravuras
que facilitem a memorização e façam uma ligação com o conteúdo aplicado.
Que
o professor possa ter sensibilidade e ser reflexivo em atividades que o aluno
vá ter que se expor, pois atividades em grupos e trabalhos para apresentação
podem causar mal estar no aluno e consequentemente podem ocorrer crises ou
distanciamento/ isolamento.
“É
importante que o professor verifique ...
se o aluno esta acompanhando o
assunto da aula.” MELLO
7. Socialização
A
mediação é a chave do sucesso. Muitas interações sociais podem vir a ser
espontâneas se primeiro forem orientadas/ acompanhadas por um mediador.
O professor
deverá intermediar as relações sociais e afetivas entre os alunos a fim de
eliminar as barreiras de comunicação e socialização do aluno em sala de aula e
na escola. O aluno com autismo tem sérias dificuldades nas relações pessoais,
para que isto não seja um empecilho, o professor poderá ser seu interlocutor em
alguns momentos e seu ajudante em outros, por exemplo, alguns autistas não
falam. Certamente não pedirão emprestado o material do colega, mas através de
seu professor poderá aprender maneiras sociais amigáveis de fazer isto.
Exemplificando
a cena ele poderá se aproximar do amiguinho e estender uma mão em sinal de
pedido e com a outra apontar o que deseja, sendo atendido poderá balançar a
cabeça ou dar tchau para o amigo em sinal de obrigado.
8. Currículo
O programa que essa criança deve seguir é exatamente o mesmo
de uma criança normal, com três ressalvas:
• A criança
com autismo necessita que lhe sejam ensinadas coisas que a criança normal
aprende sozinha.(ex. educação física)
• O perfil
de desenvolvimento é irregular.
• Essa
criança também pode apresentar problemas de comportamento.
• Esse
aluno pode aprender tanto em uma sala de aula especial como em uma sala de aula
regular.
• A
comunicação verbal é um dos problemas desse aluno e, portanto, o ensino não
pode ser baseado apenas em explicações por meio da linguagem verbal.
• A
comunicação professor-aluno deve estabelecer-se de forma que o professor se
dirija ao aluno com poucas palavras, claras e concretas.
• O
professor pode se impressionar com a capacidade de aprender desse aluno quando
a forma de ensino adotada for a adequada para o aluno.
9. Métodos
9.1 TEACCH-
Significa “Tratamento e Educação de
Autistas e Relacionados Comunicação Criança Deficiente”
O que não é o TEACCH?
Não é um método.
Não é de atuação clínica (individual).
Não é atendimento semanal.
Não pode ser organizado por um profissional.
Não deve ser empregado como única ferramenta.
O que é o TEACCH?
É um Programa baseado na teoria Comportamental e na
Psicolinguistica
É um programa de atuação escolar, com cunho
psicoeducativo.
É de frequência diária, com carga horária mínima de 20h
semanais.
É essencialmente transdisciplinar.
É necessário suporte educativo e conhecimento sobre
desenvolvimento cognitivo.
9.2 PECS - Significa
“sistema de comunicação através da troca de figuras”.
O PECS
foi desenvolvido para ajudar crianças e adultos com autismo e com outros
distúrbios de desenvolvimento a adquirir habilidades de comunicação.
O
sistema é utilizado primeiramente com indivíduos que não se comunicam ou que
possuem comunicação mas a utilizam com baixa eficiência.
9.3 ABA –
Significa “análise aplicada do comportamento”
O tratamento comportamental
analítico do autismo visa ensinar à criança habilidades que ela não possui,
através da introdução destas habilidades por etapas.
10. Referencias
Adaptações Curriculares - CRADD Março 2012 – Curso
Universo Autismo 2012
BRASIL. Lei no 9.394, de 23 de dezembro de 1996. Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Ministério da Educação e do
Desporto, 1996.
BRASIL. Parecer n.º 17, Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica. Brasília: Conselho Nacional de Educação,
2001.
CUNHA, Eugenio. Autismo e inclusão: psicopedagogia
práticas educativas na escola e na família. 4. Ed. Rio de Janeiro:Wak Ed., 2012
MELLO, Ana Maria S, Ros de. Autismo: guia prático – 4ª
Edição - São Paulo. AMA ; Brasília : CORDE, 2004
REVISTA AUTISMO, Ano I, Numero 0 – Setembro De 2010 . P.
17
Saberes e praticas da inclusão: dificuldades acentuadas
de aprendizagem: autismo/ coordenação geral – Francisca Roseneide Furtado do
Monte, Idê Borges dos Santos -
reimpressão. Brasília: MEC, SEESP, 2004.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio;
REVELES, Leandro Tadeu. Mundo singular: entenda o autismo – Rio
de Janeiro: Objetiva, 2012.